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eternuridade
Eternuridade, s.f. (do lat. aeternitate por aglutinação com do lat. ternu). Qualidade efémera do que é terno. O que há de eterno no transitório. Afecto muito longo; tristeza suave e demorada. textos e fotos: gouveiamonteiro(at)gmail(dot)com LIGAÇÕES
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29 de janeiro de 2007
Envolvidos

Dizia uma conviva loura da Nova Zelândia, no fim de um jantar de amigos em que seguimos o costume de falar dos ausentes, apenas em inglês para que os antípodas nos pudessem acompanhar: "acho maravilhoso como vocês estão envolvidos nas vidas uns dos outros". A gente respondeu que temos espíritos de porteira, que somos a pressão social, que somos cuscas porque aqui tudo é pequeno e de aldeia. Porque aqui não há sossego possível.
Mas a rapariga tem razão. No jantar, como sempre, tinham estado na ribalta amigos ausentes cujas vidas morais, sexuais, profissionais, etc.. foram investigadas muito para lá do metro quadrado de privacidade a que todos temos direito. Toda a gente, conhecendo melhor ou pior os visados, teve um palpite estupendo para dar. É normal. Ela achou bonito.
É o que a gente faz, é o que nos faz a gente, é o que faz de nós gente. Já usei os dois regimes. Primeiro achei cobarde, de outro planeta, julgar os ausentes falando do que nunca se lhes diria na cara. Nos intervalos lúcidos prefero achar que isso é uma coisa saudável, que a gente se preocupa, se divirte, se mistura, que a gente palpita. Não somos assim tão importantes para ter alguma coisa a esconder. Já me achei melhor do que o mundo, às vezes sinto-me pior, mas bem feitas as contas somos iguais. É tudo natural, o problema é esse. Como um vírus.
Por vezes, com certos amigos, temos a obrigação de lhes dizer em privado aquilo que eles trazem escrito na cara. As pessoas não se conseguem ver ao espelho porque fazem uma cara, sempre a mesma, que serve de máscara para o espelho. Não é a cara que outros lhe conhecem, que lhe conseguem ler. É só uma cara para ficar mais bonito, para resistir ao tempo, uma cara segura. Ora porteiras, ora amigos, envolvidos. É fixe, a rapariga da Nova Zelândia achou fixe.
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