|
|
eternuridade | |
Eternuridade, s.f. (do lat. aeternitate por aglutinação com do lat. ternu). Qualidade efémera do que é terno. O que há de eterno no transitório. Afecto muito longo; tristeza suave e demorada. textos e fotos: gouveiamonteiro(at)gmail(dot)com |
LIGAÇÕES .: www.luisgouveiamonteiro.com .: A Natureza do Mal .: Mar Salgado .: Lita .: Lito .: Físico Prodigioso .: A minha afilhada |
29 de julho de 2005 | |
Nós, as coisas | |
Deus é um computador. Eu sou uma máquina e é assim que gostaria que me tratassem. A carne sempre teve feridas e por nenhuma delas lhe fugiu alguma vez uma alma. É curioso que se vá para o espaço à procura daquilo que nem na Terra se entende: a Vida. Ninguém lhe consegue arrancar o algoritmo. Tem que haver um algoritmo. Se a carne é apenas tecido - uma peça de roupa - e se até os orgãos se mudam, então o espírito é apenas um sistema. A alma é toda química. O que lhe falta para ser apenas coisa? Eu sinto quando o meu sistema se/me liga e desliga. Haverá por certo um plano para mim, ainda que esse blueprint se tenha perdido algures entre a história e o ADN. Por tudo isto pode suspeitar-se de um deus-máquina, supra-organismo que passa os dias a ver-nos brincar com as categorias e a admirar como nos ilude com as vagas diferenças do mundo, sem lhe descobrir as brechas. Ele sorri quando um homem diz, com orgulho, que fez um filho. É o deus capaz de transformar energia em matéria e vice-versa. Primeiros as armas, depois os médicos … e agora todo o tipo de coisas nos arravessam a carne sem nos apagar o sopro. Os piercings, pequenos pedaços de metal sem sentido, emergem à superfície da pela para dizer, como peças de uma máquina. Venha o aço, venha a electricidade, a morte é desnecessária! Essa será a nossa autopoiesis, a capacidade de substituir as próprias partes. Está na natureza do sistema que há um momento em que as partes divergem tanto que se revoltam ou fogem ao sistema. É aí que se exerce a liberdade inframínima que o algoritmo concede. É cobarde ter medo das coisas. Não são as coisas que nos vêm atacar, somos nós que temos de ir depressa para dentro delas. Não é o metal que deseja a carne, é o contrário. Como em relação a tudo o resto, da vida apenas se conhece o exterior, o aspecto. É pura complexidade: demasiados dados para transformar em informação. Seria preciso outro universo para construir esse computador em “tempo útil”. O deus-máquina (ou natureza-máquina) já se organizou e desorganizou várias por graça das estranhas razões da Vida. Assim, chegado à condição de super-organismo que todos controla e agrega, farta-se. É a segunda lei da termodinâmica. Atinge controlo total e faz reset para quebrar a rotina. E espera uns milhões de anos como se fossem três quartos hora. As pessoas são pacotes de um algoritmo cómico. Cada indivíduo tem umas pequenas barbatanas com as quais - na liberdade infra-mínima da parte em relação ao sistema – se diverte pelo caminho. Tal como a pequena célula, estabelece na sua fronteira com o exterior uma identidade própria. Com ela lida com as imposições do exterior, condicionando-as retroactivamente com esses mínimos desvios que fazem a máxima diferença. Os rebeldes são os melhores filhos do sistemas, são as suas emergências, o poder procriador. Amar é estar contra. Por isso, a nossa estranha divindade dá-nos um algorimo e o desejo de o entender. Desde o primeiro instante, na mais simples forma de vida há dois movimentos. Um para estabelecer um limite – para se separar do exterior. Outro para ir além desses limites - para conquitar o exterior. No pequeno instante em que o consegue, a parte ultrapassa o todo. É continente e conteúdo. É a pequena coisa que muda para que tudo continue em mudança. Imagino mais depressa um mundo em que os homens sejam os maus da fita e humanidade seja salva por coisas. As coisas não mentem, o imaterial também tem sempre razão. Esse filme mágico costruma começar com os deuses debruçados nas nuvens, olhando para baixo. Fazem apostas sobre qual vai ser, desta vez, o bicho da arca a descobrir o segredo do tempo … e a começar o universo outra vez. Já há cyborgs em Londres. O universo tem um botão de reset. Estou disposto a acreditar em tudo o que me fizer feliz. |
|
.: Publicado por lgm @ 7/29/2005 - 0 Comentário(s) | |
25 de julho de 2005 | |
A gerência deseja | |
O resto de uma boa continuação. | |
.: Publicado por lgm @ 7/25/2005 - 0 Comentário(s) | |
6 de julho de 2005 | |
![]() |
|
.: Publicado por lgm @ 7/06/2005 - 0 Comentário(s) | |
CAIXA NEGRA setembro 2003 :: outubro 2003 :: novembro 2003 :: dezembro 2003 :: janeiro 2004 :: fevereiro 2004 :: março 2004 :: abril 2004 :: maio 2004 :: junho 2004 :: julho 2004 :: agosto 2004 :: setembro 2004 :: outubro 2004 :: novembro 2004 :: dezembro 2004 :: janeiro 2005 :: fevereiro 2005 :: março 2005 :: abril 2005 :: maio 2005 :: junho 2005 :: julho 2005 :: setembro 2005 :: outubro 2005 :: novembro 2005 :: dezembro 2005 :: janeiro 2006 :: fevereiro 2006 :: março 2006 :: abril 2006 :: maio 2006 :: junho 2006 :: julho 2006 :: agosto 2006 :: setembro 2006 :: outubro 2006 :: novembro 2006 :: dezembro 2006 :: janeiro 2007 :: fevereiro 2007 :: março 2007 :: abril 2007 :: maio 2007 :: junho 2007 :: julho 2007 :: outubro 2007 :: dezembro 2007 :: janeiro 2008 :: março 2008 :: abril 2008 :: maio 2008 :: junho 2008 :: julho 2008 :: agosto 2008 :: setembro 2008 :: outubro 2008 :: dezembro 2008 :: fevereiro 2009 :: março 2009 :: abril 2009 :: maio 2009 :: agosto 2009 :: setembro 2009 :: novembro 2009 :: dezembro 2009 :: janeiro 2010 :: fevereiro 2010 :: maio 2010 :: dezembro 2010 :: setembro 2012 :: dezembro 2012 :: janeiro 2013 :: novembro 2014 :: abril 2021 :: agosto 2021 :: setembro 2021 :: outubro 2021 :: novembro 2021 :: dezembro 2022 :: setembro 2024 :: |