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eternuridade
Eternuridade, s.f. (do lat. aeternitate por aglutinação com do lat. ternu). Qualidade efémera do que é terno. O que há de eterno no transitório. Afecto muito longo; tristeza suave e demorada. textos e fotos: gouveiamonteiro(at)gmail(dot)com LIGAÇÕES
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6 de julho de 2004
O Poder que ninguém quer

Caro compatriota Jose Barroso,

Sabendo que tem nas mãos a impensável tarefa de escrever um programa para a Europa e a necessidade de o defender perante o Parlamento, decidi escrever o que quero para o continente. Gosto de ser daqui e aflige-me que não tenha ainda enunciado sequer uma ideia para o mandato. Desta vez não lhe vai bastar a especialidade em gestão de expectativas. Sei pouco do assunto, mas há três coisas que terá de fazer antes de o aceitarmos de volta. Até lá tenho dúvidas que o senhor e o seu antecessor, que também deu à sola, tenham o direito de continuar a usar bilhete de identidade português.

- Foi-nos prometido durante a última presidência portuguesa da União que a Europa chegaria a 2010 sendo mais potente do que a super-potência. A chave desse sucesso seria a economia do conhecimento, uma bonita ideia que serviu de conceito fundamental para a estratégia de Lisboa. Até ver, essa economia ainda não criou indústrias. Os governos ainda não perceberam que a rede e o virtual mudaram tudo o que diz respeito a produção e trabalho. Continuam a investir em máquinas em vez de pessoas que as saibam operar. No fim do seu mandato terá de ser possível estudar, trabalhar e pagar impostos em qualquer dos 25 países da União. Sem sair de casa. Se conseguir, até lhe dou o meu BI.

- A circulação de pessoas e ideias não precisa só de ser livre, tem mesmo que acontecer. Não se juntam culturas por decreto, o mínimo que se pode fazer é promover esse encontro. Em termos de cidadania, a europa é apenas o Inter-Rail, o programa Erasmus, o campeonato de futebol e a Eurovisão. Nas eleições já ninguém aparece. Temos uns dos outros uma visão demasiado periférica. Ainda nos achamos exóticos quando deviamos estar já a roubar o melhor uns dos outros. A comida, a música, a literatura, as mulheres e os homens. Temos que nos misturar para criar novos genes. São ainda poucos os que o fazem, os do Esperanto. E esses são ainda estrangeirados. Nesta fase do mundo já não devia haver estrangeirados.

P.S. - E por amor de Deus, não vá desistir para Bruxelas. Aguente-se à bronca e leve a coisa até ao fim. E não faça fitas para tomar decisões, é para isso que lhe pagam. E pense nisto: os nosso primeiros ministros bazam, fartam-se. Eu votei no presidente que chora. Votei porque sabia que ele chorava, mas esperava que pudesse também tomar decisões. Poder é ser capaz de interromper. Não acredito que Sampaio possa ser o encarregado de educação da direita trauliteira. Estranho será que sirva de garante a um programa que nunca foi o seu. Mas que merda de poder é o nosso, que ninguém quer governar?
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